sábado, 30 de outubro de 2010

Grandes perdas

"Uma grande perda não tem graça nenhuma. Numa grande, enorme, abissal perda, não há encantos, filosofia ou espaço para manobra. Uma grande perda não dignifica, não nos torna maiores, mais atilados, nem bondosos de coração, não garante mais gentilezas ou cafunés dos que os que receberíamos não fosse a grande perda tão grande (acredite, eu sei do que falo). Não há nada de belo, de romântico, de etrusco, de francês-dos-anos-vinte, de vitoriano, de romano, de renascentista numa grande perda. Não, sexo-afetuoso-consolador-vem-cá-meu-bem-que-tudo-vai-melhorar não é uma opção. Não há nada de belo numa grande perda, numa perda enorme, numa perda abissal. Não, nós não saímos do outro lado do túnel pessoas melhores. Não, não. E nem mais sábios, mais felizes, mais inteligentes, mais descolados. Não. Uma grande perda, uma perda enorme, uma perda abissal só vai nos tornar mais frágeis. Nossa pele fica mais fina, nossos olhos maiores, nossa voz mais grave (o que no meu caso significa dizer que há dias em que me pareço com um travesti-fumante-com-a-garganta-inflamada e quando atendo o telefone, o interlocutor pergunta "o senhor é o dono da casa?"). Depois de uma grande perda, a música tema do Parque dos Dinossauros vai nos arrancar lágrimas e soluços. Uma grande perda, uma perda enorme, uma perda abissal, leva parte, boa parte, da nossa capacidade de amar. De acreditar. De esperar. E de negociar, principalmente. Uma grande perda nos torna irascíveis, amargos, impacientes, uns cretinos. No meu caso, mais cretina. A grande perda, a perda gigantesca, a perda definitiva levará nossos cabelos. Nossas vaidades. Nossa coleção de copinhos de saquê. Nossos livros de receita e nossas meias coloridas. Levará nosso melhor sorriso, nossos parcos talentos e um pedação da nossa capacidade de nos surpreender – para o bem e para o mal. Uma grande perda, uma perda importante, uma perda de verdade, tira parte vital da nossa capacidade de indignação. Da nossa capacidade de brincar com quebra-cabeças, de ver filmes sobre doenças terminais, de ler livros sobre coisas horrorosas. leva parte importante também de nossa vontade de viver, do valor que damos para as coisas – e eu não estou falando do time, do i-pod e do batom da MAC. Não, depois de uma grande perda você não andará por aí louvando o sol e as margaridinhas. Quem faz isso não perdeu o maior e o mais importante, creia. Uma grande perda nos castra, cala, mutila e anula. Não há volta para as grandes perdas, as perdas enormes, as perdas abissais. Não há volta e por isso, só por isso, seguimos em frente. Uma grande perda avacalha nosso esquema, estraçalha nossos planos, esmigalha nosso fígado e bota um certo tremor em nossas mãos. A única coisa que talvez advenha de uma grande perda, e que talvez seja aproveitável - note, eu não disse 'boa', 'positiva', 'bacana', e nem nenhuma babaquice dessas, eu disse aproveitável; e note, também, que eu usei dois ‘talvez’ – sobre uma grande perda, é que ela nos dá a exata dimensão do que é e do que não é. De modos que no meio duma belíssima crise, depois do mais surreal dos diálogos, você e eu, que já sofremos uma grande perda, uma perda enorme, uma perda abissal, paramos de chorar e vamos pendurar roupa e ligar para a veterinária vir vacinar o cão: nós já perdemos mais, já perdemos melhores, já perdemos o que importa. Foda-se." Fal Azevedo

Fal extrapola a lógico do meu raciocínio!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Como un documento inalterable....

Yo vengo ofrecer mi corazón - Fito Paez

¿Quién dijo que todo está perdido?
Yo vengo a ofrecer mi corazón,
Tanta sangre que se llevó el río,
Yo vengo a ofrecer mi corazón.

¿Quién dijo que todo está perdido?
Yo vengo a ofrecer mi corazón,
Tanta sangre que se llevó el río,
Yo vengo a ofrecer mi corazón.

No será tan fácil, ya sé qué pasa,
No será tan simple como pensaba,
Como abrir el pecho y sacar el alma,
Una cuchillada del amor.


Luna de los pobres siempre abierta,
Yo vengo a ofrecer mi corazón,
Como un documento inalterable
Yo vengo a ofrecer mi corazón.

Y uniré las puntas de un mismo lazo,
Y me iré tranquilo, me iré despacio,
Y te daré todo, y me darás algo,
Algo que me alivie un poco más.

Cuando no haya nadie cerca o lejos,
Yo vengo a ofrecer mi corazón.
Cuando los satélites no alcancen,
Yo vengo a ofrecer mi corazón.

Y hablo de países y de esperanzas,
Hablo por la vida, hablo por la nada,
Hablo de cambiar ésta, nuestra casa,
De cambiarla por cambiar, nomás.

¿Quién dijo que todo está perdido?
Yo vengo a ofrecer mi corazón.
¿quién dijo que todo está perdido?
Yo vengo a ofrecer mi corazón.


Madrugada de domingo para segunda, começo a conversar com minha amiga Di, que está morando na Bolívia. Pense em uma pessoa que eu adoro conversar, eis Didi. Alto astral, inteligente, bom gosto musical (bem parecido com o meu!!heheheh) e por aí vai. Entre uma coisa e outra Di me indica essa música, da magnífica Mercedes Sosa. Fazia algum tempo que não escutava La Negra, como é conhecida. Fiquei com sua voz em minha cabeça o dia todo.
Linda linda!!

Esses dias não tenho estado muito bem comigo mesmo. Isso não é nenhuma novidade!!! Mas é que de uns tempos pra cá sinto algo praticamente me sufocando, me prendendo. Detesto essa sensação!!! Meus amigos coitados, devem estar saturados!! Se bem que não fico chorando lamúrias para eles!!! Ainda vou ter câncer por causa disso!!!hehehhee

Escrevo esse post ao som de Mercedes Sosa, com uma chuva bem fina caindo e conversando com Juh e Bah!!!

Uma semana doce para todos!!!

domingo, 17 de outubro de 2010

Reticências

Cheirando a amor - Angela Ro Ro

"Já pus de lado o tormento
De um mundo atento a não perdoar
Amantes sem fingimentos
Delirantes formas de amar
Quero cheirar a amor
Quero exalar suor
Pro dia que você for
Ficar com seu melhor

Amor apertado
Trancada com medo da rua
Se isso é pecado me puna
A culpa de amar livre e nua
Que preconceito barato
Que o cão caça o gato
Me morde e me desafia
Só meu olhar lhe arrepia"

Hoje me lembrei de uma frase do filme "Piaf - um hino ao amor". Quando interpelada sobre qual de seus amigos era o mais fiel, Piaf responde "Todos os meus verdadeiros amigos são fiéis".

Me lembrei de outro fato agora, minha primeira postagem neste blog, no qual eu falo que seria difícil falar sobre um assunto específico aqui, em virtude de minha inconstância.

Se minha escrita é inconstante, instável, imaginem essa cabecinha aqui!!!heehe

Hoje estou num dia absolutamente chato!!! Fui agressivo com quem não merecia, fiz o que não podia, deixei de fazer o que deveria!!!

Rafael Samarone é isso, um redemoinho feroz, atordoado, tendo no centro uma vitrola e uma garrafa de Montilla!!!

A flor


"Minha flor serviu pra que você
Achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu..." Los Hermanos

Sensação estranha!!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Roubei mesmo!!! E na cara dura!!huauh

"Minha avó dizia: para ser feliz, a gente não precisa sair do lugar, a gente tem que ser o lugar. Ela me advertia com seu olhar de madrepérola. Eu não entendia. Ser feliz pra mim era sair de casa, depois da cidade, depois do estado e, se possível, do país. Acreditava que quanto mais longe do início mais perto do final. Julgava a independência um modo de fugir. Descobri que estava errado. Quanto mais longe do final mais perto do começo. Nada mais alto, banal e humano do que dizer: "eu sei ser feliz". Dor, susto, drama e tragédia a gente nasce sabendo. Saber ser feliz exige décadas para entender e, ao mesmo tempo, pede tão pouco. Basta um ter o outro. Ficar horas conversando abraçados. Não depender de lugares famosos, de restaurantes, de aventuras exóticas para contar depois. A felicidade é uma impressão, uma intensidade, que não há como descrever para os amigos. Muitas vezes se vive somente para relatar o quanto nossa vida é impressionante, mas lá no fundo persiste uma mágoa desconfiada de não vivermos o que realmente desejamos. O que desejamos não se diz, se arde. Saber ser feliz é se deliciar com bobagens e lembranças, brincadeiras e com a proximidade do corpo. Não deixar o corpo ser apenas um corpo." Fabrício Carpinejar

Achei tão lindo esse trecho do Carpinejar postado no blog da Ana que tive que roubar!!!hehehe

Felicidade é algo tão próximo e ao mesmo tempo tão distante!! Tenho essa impressão!!

Mel com girassóis pra vcs!!